segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

MOVIE SUMMARY

Todo ano escolho um filme para chamar de "Aquele que realmente  me emocionou". Neste ano este foi meu eleito!!! 
...a cena final dela...
Hipática é filosofa, astrônoma e matemática, é filha de Theon que é diretor da Biblioteca de Alexandria. Ela foi uma guerreira porque vivia num mundo onde somente homens podiam circular. O interesse dela era estudar e dar aulas. Este filme é espanhol e não teve repercussão no Brasil.
A cultura disseminada em Alexandria nessa época se deu à partir da combinação de fatos que  vão desde a estruturação da Biblioteca que acolheu quase todo conhecimento até então produzido ao mesmo tempo que atraiu os principais estudiosos da época juntamente com  alunos ávidos por novas descobertas transformando a cidade egípcia em um grande centro de estudos.
Após a conquista de Alexandria pelos Romanos, a cidade passa por constantes agitações provenientes de diversas orientações religiosas: a tradição dos judeus e do politeísmo helênico-romano se encontra com a efervescência do cristianismo, que passou de religião intolerada para intolerante, após a institucionalização da religião Cristã pelo Império Romano.
Sinésio e Orestes são seus alunos e Davus é escravo e todos a amam incondicionalmente, tem por ela aquilo que chamamos de amor para sempre, aquele amor que permanece todos os dias nos sonhos e pensamentos. Davus a mata no final do filme porque a amava!!! Preferiu matá-la a vê-la sofrer apedrejada porque ela também amava incondicionalmente, amava sua  liberdade de escolha...
Os conflitos sobre a fé, ficam evidentes os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana. Aos poucos os cristãos se apoderam da situação e passam a provocar conflitos entre os cidadãos.
Orestes se torna prefeito de Alexandria permanecendo fiel ao seu amor por Hipátia, com quem mantém constantes discussões filosóficas. O escravo Davus, que teve sua liberdade concedida por Hipátia, se debate entre a fé cristã e a paixão por sua antiga proprietária, mas nunca deixa de vê-la, de protege-la e ama-la. O líder cristão Cirilo passa a dominar a cidade, incentivando os monges  a agirem como protetores do catolicismo no início do cristianismo. Os monges descobrem o amor de Orestes por Hipátia e iniciam uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la de ateísmo e de comportamento inadequado para uma mulher. O filme mostra os conflitos que se seguiram entre os que professavam a nova religião cristã,  o judaísmo e o politeísmo Greco-romano. Naquela época o cristianismo deixava de ser uma religião perseguida para se tornar perseguidora. A Biblioteca de Alexandria funcionava junto a um templo pagão conhecido como Serapeum, dedicado aos deus Serápis, uma divindade egípcia que era uma fusão dos deuses Ápis e Osíris. O cristianismo, que recebera liberdade de culto alguns anos antes, aumentava cada vez mais seu número de fiéis, entrando em choque com a religião e cultura pagã. Esses conflitos levaram à destruição do Serapeum e da Biblioteca que ali existia. Alguns anos mais tarde, o alvo passou a ser a própria Hipátia, que representava a cultura pagã e ainda por cima era uma mulher e exercia certa influencia na política local, o que era inadmissível aos líderes cristãos da época
Aquele foi um momento em que os cristãos agiram como bárbaros e desprezo pela cultura. 
Não existem muitas certezas em relação à famosa Biblioteca, a maior da Antiguidade.  Acredita-se que funcionava junto a Academia (ou Museu) de Alexandria, mas não há unanimidade quanto a sua localização física, se ela ocupava um edifício à parte ou se era um conjunto de estantes nas dependências do próprio Museu. Posteriormente, teria surgido outra biblioteca, localizada junto ao Serapeum e que seria a que aparece no filme. O templo de Serápis, divindade greco-romana derivada do contexto helenístico, representava a intensificação da cultura grega no interior do Egito após a conquista deste território por Alexandre Magno. Serápis está relacionado com Júpiter, representado com forma humana, tendo sobre sua cabeça um vaso, que lhe serve como coroa, aludindo à fartura e fertilidade.
As origens da Biblioteca remontariam ao período de Ramsés II(1285 a.C.), mas até hoje historiadores e arqueólogos debatem sobre a existência desse prédio nunca encontrado que teria guardado uma coleção real de pergaminhos. Com a conquista do Egito por Alexandre em 332 a.C. e a fundação de Alexandria, ali se somaria aos rolos da coleção real existente para a formação de uma biblioteca, onde todo pergaminho que existisse em seus domínios deveria ter uma cópia ali guardada, representando uma gigantesca concentração de saberes de diferentes épocas e lugares, um tesouro de inestimável valor.
Na transição do Império para o Cristianismo, a Biblioteca foi vítima de um ataque em virtude da associação direta de sua existência com as crenças pagãs e assim, foi em nome da fé que o bispo Teófilo de Alexandria ordenou a sua destruição, junto dos ídolos e altares dos deuses, que a partir de 391 d.C., tornaram-se ilegais, dando lugar aos altares dos templos cristãos. As destruições e recomposições do acervo da Biblioteca, desfazendo aquela visão equivocada que apresentava a invasão árabe como a responsável pela destruição integral da Biblioteca. Houve sim um incêndio causado pelo califa Omar em 640 d. C. durante a conquista do Egito pelos árabes.
Alexandria foi um dos mais importantes centros culturais da cultura ocidental por mais de um milênio, reunindo pensadores, letrados e discípulos que vieram de diferentes partes para ali estudar e dali levar cultura às suas terras de origem. E dessa forma, a destruição desse acervo levou a uma perda irreparável do conhecimento existente no mundo antigo, restando a nossa época uma pequena fração daquilo que existira no passado.
O filme acabou construindo uma dupla imagem entre a Biblioteca e a personagem central Hipátia, que pouco a pouco, viu seu espaço desaparecer em virtude da crescente influência política que os cristãos passaram a ter, especialmente com a ascensão de Cirilo como bispo de Alexandria, logo após a morte de Teófilo, o qual incitou seus fiéis à perseguição aos judeus e depois dos pagãos e na sequência, aos cristãos insubmissos como o caso de Orestes, que mesmo sendo prefeito da cidade, viu seu prestígio ser ameaçado, tendo que escolher entre a fé cristão e sua relação com Hipátia. Como quase todos ele fez uma escolha: escolheu o caminho mais fácil, escolheu mandar apedrejar amada. Mais uma vez coloca na prática o que na verdade ela foi na vida dele: nada. Ele na verdade nunca a amou. Ela foi somente nada.
O conhecimento dela veio através de  textos literários, de autores como o filósofo francês Voltaire e historiador inglês Edward Gibbon no século XVIII não deixaram de esquecê-la, ao destacar seu papel dentro do pensamento neoplatônico, além dos conhecimentos ligados à matemática e astronomia, aliás, valendo-se dela como um contraponto ao fanatismo religioso que se disseminou na época de Hipátia e depois se manifestou em muitos outros momentos ao longo dos séculos, infelizmente.
Até hoje vivemos a intolerância, tudo aquilo que não é socialmente aceitável causa radicalismo e violência.  
Só os corajosos conseguem mudar o caminho fácil. Só a vontade... nada mais. O desejo e a vontade são divisões de rotas.

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